quarta-feira, 6 de julho de 2011
USO DA HOMEOPATIA NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DA DENGUE
Diante de uma epidemia de dengue, a cidade de Macaé, no Rio de Janeiro, apostou na Homeopatia para reverter a situação. Com o respaldo da Política Nacional de Práticas Integradas e Complementares (PNPIC), que prevê o uso da Homeopatia na implantação de protocolos voltados à ação nas endemias e epidemias, foi agregado ao plano de contingência da doença a utilização de medicamento homeopático.
“O medicamento é utilizado para profilaxia em indivíduos de ambos os sexos, de todas as faixas etárias, inclusive gestantes, com recomendação especial para aqueles com histórico anterior da doença. A administração é em dose única e a dose é repetida a cada surto epidêmico ou endêmico sazonal, ou quando há uma mudança no quadro da doença”, explica Laila Nunes, médica homeopata e sanitarista, gerente de Vigilância em Saúde do município de Macaé e responsável pela implantação do Programa de Homeopatia e Práticas Integrativas no município.
Nos casos sintomáticos suspeitos de dengue, o paciente pode ser tratado com Homeopatia, mas, neste caso, o medicamento é individualizado e deve ser indicado pelo médico que o atende. A experiência começou em 2007, e em apenas um ano já foram observados resultados positivos. Em 2008, o número de casos de dengue teve queda de 71% em relação ao ano anterior. Neste mesmo período, no Norte Fluminense, região da qual Macaé faz parte, houve aumento de 273% nos registros da doença. No Estado do Rio de Janeiro o aumento foi de 315%.
“Em 2007, foram tratados com Homeopatia 129 pacientes que retornaram às suas atividades normais em cinco dias. Nenhum evoluiu para dengue hemorrágica, e somente dois foram internados para hidratação venosa. A letalidade dos casos notificados de dengue foi de 0,2 em 2007; 0,0 em 2008; 0,1 em 2009; e 0,2 em 2010. No ano de 2010, a meta pactuada da taxa de letalidade das formas graves para o município de Macaé foi de 2,58, sendo que o município alcançou 0,68, taxa bem menor se comparada ao estado e municípios da região”, destaca Laila.
HOMEOPATIA EM TESTE
O caminho trilhado pela cidade de Macaé tem sido seguido, também, por Vitória. A Política de Práticas Integrativas do Espírito Santo, em vigor desde 2008, legitimou o estudo do uso da Homeopatia na prevenção e no tratamento da dengue. “Quando começamos a discutir a dengue, entendemos que simplesmente fazer uma intervenção seria complicado. Sem dados não teríamos como avançar. Criamos, então, um protocolo de pesquisa e começamos um estudo, que ainda está em andamento, para poder mostrar, em números, a consistência das ações propostas”, conta a coordenadora de Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria de Estado de Saúde, Ana Rita Vieira de Novaes.
Ana Rita acredita que com os resultados da pesquisa será possível a implantação da Homeopatia na prevenção e no tratamento da dengue. É nisso que acredita, também, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, que sancionou uma lei que propõe que a medicação seja ministrada em comunidades com maiores índices de infestação da dengue e em áreas em que a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) definir como prioritárias. “Nosso primeiro passo é fazer teste em uma comunidade específica para depois chegar a toda cidade”, diz.
Micarla e Ana Rita parecem estar certas, já que a falta de estudos e pesquisas que confirmem a eficácia do uso da Homeopatia na prevenção e no tratamento da dengue é apontada por cidades como o Rio de Janeiro como justificativa para o não uso da Homeopatia. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil informa que o município do Rio não realiza medidas homeopáticas preventivas, somente tratamento.
Em relação à dengue, a assessoria alega que não existem estudos comprovados que garantam a eficiência desta medida preventiva e diz que, em função do tamanho da cidade e do número de moradores, não é viável realizar estudos nesse sentido. A situação é a mesma no Distrito Federal. Também de acordo com a assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal não faz uso da Homeopatia no combate e prevenção da dengue e não há pesquisas nesse sentido. Já as cidades de São Paulo e Belo Horizonte não responderam o contato do Ecomedicina.
EXIGÊNCIA POPULAR
Conhecendo o exemplo de cidades como Macaé, que já utiliza a Homeopatia na profilaxia e no tratamento da dengue, e lidando com a resistência de outros municípios de seguir este exemplo, alguns cidadãos começam a se manifestar. É o caso da professora de Porto Seguro (BA) Cecília Shizue Nakamura, mãe de Felipe Yukio Nakamura Góis, 11 anos, vítima fatal de dengue. Conforme noticiou o jornal O Sollo, ela protocolou uma denúncia no Ministério Público pelo não uso do medicamento homeopático no tratamento de Felipe.
“Apesar de ser atendido e de ser confirmada a suspeita de dengue, não foi prescrito o medicamento específico Proden, já testado e cuja eficácia foi comprovada cientificamente para o tratamento dessa enfermidade”, alega a professora na denúncia. Segundo a reclamação de Cecília Shizue Nakamura, apesar da intensa divulgação, não é possível obter o remédio nos Postos de Saúde e ele não tem sido prescrito pelos médicos. O Ecomedicina tentou, mas não conseguiu contato por telefone e nem por e-mail com a prefeitura de Porto Seguro.
CLIQUE AQUI para ler a entrevista que o Ecomedicina fez com André Périssé, Epidemiologista da Fiocruz, sobre a importância da comprovação científica da eficácia do Homeopatia no tratamento da dengue
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